Sinopse

O Coentral localiza-se no centro de Portugal, na antiga Província da Beira Litoral, pertencendo actualmente à Sub-Região do Pinhal Interior Norte.

Há cerca de 586 milhões de anos formava-se o granito do Coentral no espaço geográfico onde se localizam as aldeias que dão nome a esta “Terra de Encantos”. Nessa época recuada o Planeta Terra não tinha ainda definidos os continentes tal como hoje os conhecemos.

O Surgimento do Homem na Terra (Homo Erectus) terá ocorrido há cerca de 1,8 milhões de anos, mas só há registos da ocupação humana na região do Coentral há cerca de 4500 anos, por volta de 2500 a 1800 anos a.C., no alto da Safra onde os nossos antepassados pré-históricos nos deixaram dois monumentos funerários - duas mamoas – desse período recuado da Humanidade.

Nessa mesma altura o homem primitivo vagueou pelo concelho de Castanheira de Pera e terá:

  • ocupado “a mina” do carreiro de Santo António da Neve;
  • esculpido “as Pedras com covinhas” no Sítio da Bragada (Ameal/Vilar);
  • perdido um seixo no Eucaliptal das Sarzedas de São Pedro; e
  • usado utensílios de cerâmica de que restou um fragmento encontrado junto do Parque Eólico da Lousã II, no troço final da ligação à rede elétrica nacional.
Por aqui andaram os Lusitanos na sua luta tenaz contra os exércitos romanos que após assassinarem traiçoeiramente Viriato e Sertório ocuparam a região da Lusitânia e nos deixaram a Ponte de Pedra e alguns troços de estrada romana que liga as Sarnadas ao Coentral, infraestruturas construídas, ao que tudo indica, durante o período de ocupação romana do território nacional.
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  • Detalhes da ponte de pedra e da estrada romana

Seguiram-se os Bárbaros e os Árabes até que a reconquista, encetada pelo primeiro rei de Portugal - D. Afonso Henriques -, devolveu estas terras aos povos primitivos que por aqui se fixaram.

Pedro Afonso, seu filho bastardo as doaria aos cavaleiros, porventura da Ordem do Hospital (actual Ordem de Malta), que ajudaram seu pai nesta peleia.

Contudo, só em 1467 o nome dos Coentrais surge registado num documento oficial do reino de Portugal - o pergaminho com a sentença de D. Afonso V - relativo à desavença que opôs cinco casais de pastores dos Coentrais, Pera e Ervideira ao município da Lousã, sobre o uso das pastagens dos terrenos baldios do termo daquela vila. Eram eles: João Eannes e Leonor Eannes, Luiz Eannes e Leonor Domingues - moradores nos Coentrais, Fernão Lourenço e Catarina Annes – moradores na Ervideira, Vasco Gil e Guiomar Álvares e Afonso Annes e Catarina Dias – moradores em Pera.

O pergaminho registaria, para a posteridade, este acontecimento histórico ocorrido naquelas aldeias. E por isso, diz o poema que:

"Com a luta dos pastores ficou escrito na memória,
o nome dos Coentrais, Pera, Ervideira, nas páginas da nossa história!"

Evocação dos 550 anos da Sentença de D. Afonso V

Mas as singelas aldeias do Coentral continuariam a deixar o seu nome escrito nas páginas da História de Portugal.

Durante os séculos XVI a XIX, pelo menos, na Real Fábrica da Neve do Coentral, situada no Cabeço do Pereiro no alto da serra da Lousã, se iria recolher, armazenar e transportar, até Lisboa, neve e gelo, para que os reis e rainhas que nesse período governaram Portugal, e as suas cortes, pudessem saborear gelados e bebidas frescas nos escaldantes dias de verão.
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  • Lousitânea - Liga dos Amigos da Serra da Lousã

Já durante o século XIX por aqui passaram as tropas de Napoleão e, mais tarde, por aqui andou a guerrilha entre os partidários absolutistas e liberais, onde pontificava o célebre "bandido social" João Brandão – “O terror das Beiras”, por vezes também designado como o “Robin dos Bosques português”.

A história das aldeias do Coentral e a vivência das suas gentes, ao longo dos séculos, estão ainda gravadas nas marcas visíveis na geografia e na memória do espaço onde viveram, quer elas tenham resultado do cultivo da terra, da pastorícia, das construções que ergueram para sua habitação ou para a prática de rituais religiosos ou fúnebres, quer dos usos, costumes e tradições, passados de geração em geração. São marcas que perduram no tempo por mais longínquo que ele seja.

Muitas vezes não damos importância ao que temos porque é, para nós, tão vulgar como a água que bebemos ou o ar que respiramos, esquecendo o seu verdadeiro e real valor. Na verdade, vivemos, nascemos, ou temos raízes numa região rica na história das suas gentes e nos pequenos grandes feitos que concretizou, que, em alguns casos, se entrecruzam com a história do nosso país, como é exemplo a actividade de recolha, armazenamento e transporte da neve, pequenos grandes feitos esses que é justo destacar e dar adequado relevo. É isso que também se procura fazer com a publicação deste livro.

O livro que agora se pretende publicar, abarca um conjunto de temas inseridos nos grandes pilares – História, Usos, Costumes e Tradições - das aldeias da antiga freguesia do Coentral, do concelho de Castanheira de Pera, temas esses que o autor desenvolve em resultado de pesquisas feitas durante cerca de 20 anos e de mais de dois anos e meio de análise e de escrita e que, nalguns casos, trazem à luz aspectos até agora desconhecidas das gentes do Coentral e do nosso concelho, constituindo novidades invulgares da história das suas gentes.

O Centro de Instrução e Recreio União Coentralense e o Rancho Folclórico Neveiros do Coentral reconheceram o valor do trabalho desenvolvido pelo autor e por isso consideram que a publicação deste livro constituirá um importante testemunho documental da história das aldeias do Coentral e das suas gentes e um legado às gerações vindouras.

Os valores remanescentes, que foram angariados através da campanha de crowdfunding (financiamento colaborativo) e dos apoios de parceiros institucionais e empresas, assim como o resultado da venda dos livros, serão distribuídos, em partes iguais, pelo Centro de Instrução e Recreio União Coentralense e pelo Rancho Folclórico Neveiros do Coentral, a quem o autor cedeu graciosamente todos os direitos decorrentes da publicação deste livro.

Promotores da iniciativa

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